“Sinto saudades dos livros que li e que me fizeram viajar”. A frase de Clarice Lispector mostra a importância dos livros.

Não somente pela viagem que proporciona, o livro também recebeu sua homenagem no calendário brasileiro. O dia, no entanto, levou em consideração um fato histórico. Em 1810, a Real Biblioteca Portuguesa foi transferida para o Brasil; e o dia da transferência, 29 de outubro, passou a ser conhecido como Dia Nacional do Livro.

Com um acervo de mais de 60 mil peças, que incluía livros, manuscritos, mapas, moedas, medalhas e diversos outros objetos da realeza, a Real Biblioteca foi instalada no Rio de Janeiro, antiga capital do país; e foi renomeada como Biblioteca Nacional, hoje considerada a maior biblioteca da América Latina.

Em Campinas, os livros também têm seus espaços. Apesar das bibliotecas da cidade de longe não alcançarem o acervo trazido pelos portugueses, elas têm suas características próprias e singulares.

Uma delas está localizada no centro da Praça Ópera Salvador Rosa, no bairro Bonfim. Denominada Biblioteca Joaquim de Castro Tibiriçá, está no mesmo local desde a inauguração, em 1976. Desde o início, a presença de colégios em seu entorno fez da biblioteca uma opção de estudo e local para pesquisa aos estudantes do bairro.

Mônica Martins, bibliotecária, está lá há nove anos. Responsável pelo controle do acervo e pelas questões administrativas da biblioteca, Mônica acompanhou diversas mudanças do local. “Nossa biblioteca é pequena, mas completa”, defini.

Segundo dados da própria funcionária, o local possui cerca de 15 mil volumes, que inclui livros, periódicos, revistas e até apostilas para concursos. O cadastro de usuários, por sua vez, ultrapassa os cinco mil nomes. “Há alguns anos a presença de estudantes era mais constante, principalmente em busca de livros para trabalhos escolares. Hoje, recebemos visitas de todo tipo de público, desde crianças até idosos que gostam de passar um tempo lendo jornal”, conta Mônica.

No entanto, a biblioteca também passou por algumas dificuldades. Em 2003, o local foi escolhido como biblioteca piloto pela Secretaria de Cultura para testar um programa de informatização das bibliotecas da cidade. Os trabalhos, que envolviam um amplo processo de triagem e levantamento do acervo e cadastro, foi perdido no início de 2011, quando a biblioteca foi assaltada e todos os computadores levados. “Foi uma pena o que aconteceu. Tivemos que começar do zero e iniciar os serviços do início”, lamenta.

Os fatos positivos, porém, não podem ser esquecidos. “Apesar de alguns problemas, como a falta de uma sala de leitura, considero essa biblioteca excelente. Nosso acervo sempre foi completo. Não precisamos, por exemplo, fazer campanhas para doações de livros, porque os moradores ajudam bastante, temos até em excesso”, conta Mônica. Segundo ela, novidades ainda estão por vir: já está previsto a chegada de quatro computadores, com acesso a internet, para uso livre e exclusivo dos usuários da biblioteca.

Flávio Guarino, 65, mora bem próximo à praça e, durante a tarde, aproveita o espaço da biblioteca para ler jornais. “Eu venho todos os dias depois que deixo meu filho na escola. É um local acessível e muito tranquilo”.

Curiosidades
- A denominação da Praça Ópera Salvador Rosa faz referência a um drama lírico de 1874, do compositor Carlos Gomes. A estréia aconteceu meses depois do fracasso de crítica e público da peça Fosca; e, para alguns, a ópera Salvador Rosa foi considerada como um desabafo por não ter sido compreendido anteriormente.

- A escolha do nome de Joaquim de Castro Tibiriçá para a biblioteca se deu, pois, quando prefeito, Tibiriçá criou e instalou a primeira biblioteca pública municipal em Campinas.

Fontes:
www.arteducacao.pro.br
www.prolivro.org.br
www.campinas.sp.gov.br