O último evento em comemoração à Semana do Motociclista, promovida pela Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), reuniu motociclistas e integrantes de moto clubes na sede da empresa, na manhã deste sábado (02/08). Todos com um objetivo em comum: aprender lições de segurança viária e de comportamento seguro, para tirar essa categoria de condutores da triste posição de liderança no ranking de vítimas do trânsito, em Campinas.
O workshop, preparado pela equipe da Divisão de Educação para a Mobilidade da Emdec, contou com uma parte teórica e outra prática. Os participantes ouviram palestras sobre os fatores de risco mais comuns, entre eles o consumo de álcool, o excesso de velocidade e a desatenção durante a pilotagem. Também foram orientados sobre comportamentos que podem evitar sinistros e assistiram a vídeos. Um deles chamou a atenção sobre como uma distração de segundos, para ler uma notificação no celular, pode causar um grave sinistro de trânsito. No outro, uma criança atravessa a rua correndo e só não é atropelada porque o veículo consegue frear em tempo, graças à baixa velocidade da via.
O motorista André Soares dos Santos disse que se inscreveu no workshop porque considera importante ter um aprendizado constante. Ele contou ter ficado impressionado com o número de mortes no trânsito de Campinas. Em 2024, 156 pessoas morreram nas ruas da cidade. “É muita coisa, né? Principalmente de motociclistas. Tem muita gente nova, começando a pilotar agora, que tem que aprender a respeitar o trânsito.” André trouxe o filho de 15 anos, Andreo Raimundo Santos, que ainda não é habilitado, para aprender sobre pilotagem segura desde cedo. “Tenho vontade de ter uma moto no futuro. Então vim para aprender, pra quando pegar uma moto já saber o que fazer e ter cuidado nas pistas.”
Exercícios práticos simulam fatores de risco e incentivam a empatia
A parte prática do workshop propôs 4 vivências diferentes. Na primeira, o motociclista se coloca no lugar do pedestre. Com um periscópio, que limita o campo de visão, ele vivencia como uma criança enxerga o trânsito. Em outra troca de papeis, os participantes colocam pesos nas pernas para simular a travessia de uma pessoa idosa.
Os motociclistas ainda foram convidados a entrar em uma van e os instrutores mostraram quantos pontos cegos existem para quem conduz o veículo. Houve também um circuito com cones, que os motociclistas tinham que atravessar andando e olhando para o celular.
O exercício que mais surpreendeu, foi um outro circuito que tinha que ser percorrido usando óculos que simulam uma embriaguez média. Edson Batista, advogado conta que ficou “totalmente perdido. Não tinha noção de distância. Dá pra ver que se a pessoa bebe, ela fica descontrolada. E a gente não tem essa noção. É perigoso.”
Entrega de kits e antenas corta-pipa
Ao final do evento, os participantes receberam kits com itens de segurança como adesivos refletivos para capacete, spray para limpeza de viseira, antena corta-pipa e folheto educativo, além certificados de participação.
O workshop, programado para encerrar a primeira edição da Semana do Motociclista promovida pela Emdec, teve como parceiros a Japauto Honda e as concessionárias Rodovias do Tietê e Via Colinas.
A gerente da Divisão de Educação para a Mobilidade, Débora Damasco, ressalta a importância de capacitações como essa. “Os motociclistas são as maiores vítimas do trânsito em Campinas. E a frota não para de crescer. Não podemos ficar alheios a isso. Tanto que esse modelo de workshop, iniciado na Semana do Motociclista, vai se tornar permanente. Pretendemos que ele seja realizado todos os meses e convidamos todos os motociclistas a participarem dessa oportunidade, que é gratuita e tem um caráter educativo muito relevante.”
Dados comprovam preocupação os motociclistas
O último Boletim Mensal de Óbitos no Trânsito, publicado pela Emdec em julho, mostra que, apesar da queda de 16% nas mortes de motociclistas no primeiro semestre de 2025 comparando com o mesmo período do ano passado, eles ainda são as maiores vítimas.
De janeiro a junho deste ano, trinta pessoas perderam a vida nas ruas de Campinas. Desse total, 16 eram motociclistas. O número representa 53% das vítimas.