Ação em memória às vítimas alerta sobre a violência no trânsito
Foto: Roosevelt Cássio
Na semana em que o Dia Mundial em Memória às Vítimas do Trânsito foi lembrado, a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) apresentou o Relatório Anual de Sinistralidade no Trânsito 2023 e lançou uma ação, com depoimentos reais de vítimas do trânsito, para alertar sobre as consequências dos sinistros (acidentes). O evento reuniu cerca de 50 pessoas na sede da empresa, na Vila Industrial, nesta quinta-feira, 21 de novembro.
Em 2023, 159 pessoas perderam a vida no trânsito em 149 sinistros fatais. Até setembro de 2024, foram 123 óbitos, sendo 53 em vias urbanas, o que representa quatro vidas salvas, já que houve queda de 7% em relação ao ano passado (57). O anuário detalha a evolução da mortalidade no trânsito nos últimos 10 anos e traz análises aprofundadas sobre os dados de 2023: perfil das vítimas, locais críticos, faixas horárias de maior incidência, tempo de sobrevida e fatores de risco associados aos óbitos.
“Temos um trabalho incansável para reduzir os óbitos no trânsito que envolve a realização de obras de geometria, campanhas educativas, sinalização e fiscalização. Na avenida John Boyd Dunlop, por exemplo, passamos de 13 mortes em 2021 para seis em 2023. E, até setembro deste ano, quatro vidas já foram salvas em vias urbanas”, destacou o presidente da Emdec, Vinicius Riverete. “Quanto vale uma vida? Um minuto chegando mais cedo no seu destino? Fica o convite à reflexão”, completou.
Para chamar a atenção para os impactos da violência no trânsito, a Emdec e a Associação dos Esportes Adaptados de Campinas (Adeacamp) se uniram para transmitir uma mensagem de conscientização, alusiva ao Dia Mundial em Memória às Vítimas de Sinistros de Trânsito, lembrado no terceiro domingo de novembro de cada ano. A data reconhece a dor das vítimas e familiares afetados pela mortalidade no trânsito.
Os atletas de Rugby em Cadeira de Rodas, Ademir Batista de Souza e Erick Artur de Souza, que sofreram lesões permanentes após sinistros de trânsito, relatam suas trajetórias de sofrimento, adaptação e superação em conteúdos disseminados nas redes sociais, painéis digitais e cartazes em ônibus. A ação envolve a Emdec, a Iniciativa Bloomberg para Segurança Viária Global (BIGRS) e a Vital Strategies.
Assista aos vídeos da campanha:
“Uma imprudência no trânsito pode gerar perdas irreversíveis. Fiquei tetraplégico e as vidas de dois amigos foram interrompidas pelo acidente. A vida de uma pessoa pode mudar em segundos. O esporte me trouxe de volta para a vida”, destacou Ademir durante o evento. “Como vítima, não recebi empatia ou socorro. Aquele um segundo que o condutor não parou e não respeitou a sinalização mudou a minha vida. É preciso refletir que a pressa no trânsito pode tirar a sua vida ou a de outra pessoa”, enfatizou Erick.
A coordenadora do Comitê Intersetorial do Programa Vida no Trânsito, Ana Paula Crivelaro Ferreira, que representou a Secretaria de Saúde, enfatizou que “estamos aqui para somar forças e esforços para evitar mortes e feridos no trânsito. Fica aqui a nossa homenagem não só às vítimas de trânsito e seus familiares, mas também aos profissionais de atendimento médico, equipes de resgate, forças policiais e agentes da mobilidade”, disse.
Esquetes teatrais que promovem a segurança viária, conduzidas por artistas do grupo Ateliê Teatro, completaram as interações do evento.
Raio-X dos óbitos no trânsito em 2023
O Relatório Anual de Sinistralidade no Trânsito 2023 foi apresentado pelo coordenador da área de Gestão da Base de Dados da Emdec, Marcelo Luiz de Araújo Antônio. Foram 1.483 mortos no trânsito nos últimos 10 anos. Em 2023, 79 (49,7%) pessoas perderam a vida em vias urbanas e 80 (50,3%) em rodovias: 83 motociclistas ou garupas, 44 pedestres, 26 ocupantes de outros veículos e seis ciclistas.
Os dados do anuário demonstram que os homens e os jovens morreram mais no trânsito. Em torno de 83% (132) das vítimas fatais eram homens. Sessenta vítimas fatais (38%) tinham entre 18 e 29 anos. Entre os mortos de 18 a 29 anos, 68% (41) eram motociclistas; e entre as vítimas idosas, com 60 anos ou mais, 62% (16) eram pedestres.
A velocidade excessiva e o álcool apareceram, respectivamente, em 29 (45%) e 21 (33%) dos 64 casos fatais analisados em vias urbanas. Já entre os 69 sinistros fatais ocorridos em rodovias analisados, 26 (38%) envolviam o consumo de álcool e 22 (32%) a velocidade.
Nas vias urbanas, 34,2% das vítimas faleceram no local da ocorrência. Nas rodovias, a proporção foi de 63,8%. Os números são 21,2% e 9,7% menores que o registrado em 2022, o que está relacionado ao menor potencial lesivo dos sinistros e à recuperação pós-sinistro.
A avenida John Boyd Dunlop, a mais extensa de Campinas, concentra mais de 10% dos óbitos ocorridos entre 2019 e 2023 – 37 no total. Apesar disso, a avenida apresentou queda gradativa de 54% nas mortes – 13 em 2021, oito em 2022 e seis em 2023. Até outubro deste ano, foram apenas três mortes registradas na via.
Parceira da Emdec na elaboração do relatório anual de sinistralidade no trânsito, a Iniciativa Bloomberg para Segurança Viária Global foi representada pela coordenadora local Paula Bianchi. “Os dados que apresentamos aqui hoje subsidiam as ações que serão implantadas para salvar vidas no trânsito. E essa campanha representa um gesto singelo para homenagear as pessoas que perderam suas vidas no trânsito”, disse.
Parceiros
A elaboração do anuário envolve ainda as secretarias municipais de Transportes (Setransp) e Saúde; o Comitê Intersetorial Programa Vida no Trânsito; o Instituto Médico Legal (IML); o Instituto de Criminalística de Campinas; as Polícias Militar e Rodoviária; o Corpo de Bombeiros; o Samu; os hospitais Dr. Mário Gatti e Celso Pierro; a PUC Campinas; e a concessionária Via Colinas.
Também participaram do evento a representante da Secretaria de Saúde, Juliana Natívio, coordenadora de Informações Epidemiológicas; o gerente de projetos da Associação Paraolímpica de Campinas (APC), Luiz Marcelo Ribeiro da Luz; a Chefe de Gabinete da Emdec, Giselle Normanha Biagi de Godoi; diretores e gestores da Emdec.
Autor: Ângela Silva
Última alteração em 21 de Novembro de 2024 às 17:16
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