Os 11 servidores municipais de Campinas que participaram da missão humanitária em Canoas (RS) foram homenageados e receberam troféus com o brasão de Campinas. O grupo foi recebido pelo prefeito Dário Saadi, na Sala Azul do Paço Municipal, na tarde desta quarta-feira, 26 de junho. Além dos agentes da Defesa Civil, a missão também teve participação de um funcionário da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec).
Canoas foi um dos municípios mais afetados pelas enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul em maio. A missão começou em 13 de maio, quando a primeira equipe chegou ao RS, e foi encerrada em 16 de junho. Chegou a ser finalizada em 25 de maio, mas Canoas solicitou novamente o apoio de Campinas. Com isso, novas equipes voltaram em 3 de junho.
Dário Saadi agradeceu, em nome do povo campineiro, aos servidores que atuaram na missão. "Somos gratos pelo empenho e boa vontade de vocês. O prefeito de Canoas também agradeceu muito. Campinas tem orgulho de ter uma Defesa Civil qualificada. A participação de vocês, com certeza, ajudou muito nossos irmãos do Sul", disse. "Trouxemos esses brasões da cidade de Campinas para vocês guardarem e se lembrarem da jornada que tiveram", complementou.
A operação mesclou equipes com agentes novos, que entraram na Defesa Civil no último concurso, e servidores mais antigos e experientes no Departamento. "Vocês representaram muito bem a cidade", disse o coordenador regional e diretor da Defesa Civil de Campinas, Sidnei Furtado, aos servidores. "É uma equipe muito boa, envolvida na causa pública. Foi uma experiência única para nós, com certeza um dos piores desastres do Brasil", destacou Furtado. Ele contou ainda que organizará oficinas para que os participantes da missão possam compartilhar sua experiência com outros profissionais da Prefeitura.
Participantes da missão
Participaram da missão no Sul Marcelo Tortorelli, técnico em Mobilidade Urbana da Emdec, e os agentes da Defesa Civil Daniel de Oliveira; Gabriel Benatti; Tânio Alves; Alisson Pereira; Sidnei Furtado; Jhonatan Henrique Dias; Valdomiro Antônio; Ângelo Costa; Celso dos Santos e Juan Richard Flor Marques.
Marcelo Tortorelli, da Emdec, atuou em toda a missão. Daniel de Oliveira, coordenador de Operações na Defesa Civil, na primeira e última equipe. Os demais integraram uma equipe cada.
Atividades desempenhadas
Durante a missão, os servidores sobrevoaram Canoas com drone para identificar a dimensão do desastre. Apenas uma ONG das Nações Unidas que atuou na tragédia tinha equipamento semelhante ao utilizado por Campinas, um drone da Emdec com alta capacidade de zoom, de voar na chuva, com vento, visão noturna e capacidade de fazer fotos térmicas.
O grupo também atuou no resgate de pessoas e animais domésticos, em abrigos para animais e descarregando doações. A última equipe fez vistorias técnicas de imóveis afetados pelas enchentes. O técnico da Emdec Marcelo treinou funcionários de Canoas para operarem um drone semelhante ao da Emdec, adquirido pela cidade após a experiência com o equipamento de Campinas.
No total a Defesa Civil de Campinas apoiou na vistoria de 279 imóveis, sendo 135 interditados.
Trabalho continua
A missão presencial terminou, mas Campinas continua apoiando Canoas. Marcelo Tortorelli tem dado suporte aos canoenses para solucionar dúvidas sobre como operar o drone. Além disso, o município gaúcho está usando o software de mapeamento da Emdec para processar as imagens feitas.
"Sou muito grato, do fundo do coração, pela Prefeitura ter me permitido ajudar Canoas", destacou Marcelo.
Ele conta que o trabalho com o drone, em um primeiro momento, começou com a busca de vítimas, pessoas e animais, posteriormente resgatadas de barco. Depois disso, o drone passou a ser usado para monitoramento das chuvas e da integridade dos diques. Também foi empregado para visualizar quais seriam os locais por onde os caminhões com suprimentos poderiam passar, um pedido do Exército. Enquanto o alagamento persistia, o equipamento passou a ser usado para topografia e quando a terra secou para verificar a situação das casas e prováveis locais para reconstrução.
Também por meio da tecnologia foi possível verificar qual a mancha de alagamento de Canoas, ou seja, o caminho da inundação, informação que será importante para o planejamento. A partir da missão, novos municípios, com os quais os servidores tiveram contato, também demonstraram interesse em fazer cursos e aprender como operar o drone. Entre eles estão São Luís do Maranhão e Americana.
As equipes trabalharam continuamente. Antes das vistorias, nos momentos em que não era possível operar os drones, os servidores fizeram de tudo, descarregaram caminhões, abriram valas para proteger o abrigo dos animais e distribuíram café e cobertores para os abrigados.
Marcelo contou que deve voltar para Canoas na próxima semana, desta vez como cidadão voluntário. "Vou sair de férias e vou para lá ajudar. Uma ONG me procurou para auxiliar em um projeto de construção de casas", contou.
Cenário desafiador
Para Daniel de Oliveira, o cenário encontrado em Canoas foi muito conturbado, com sete bairros devastados, 90 mil pessoas afetadas e 56 mil pessoas desabrigadas. Além disso, havia dificuldades de resposta do poder público local, já que equipamentos foram danificados. "A expertise da Defesa Civil foi essencial para auxiliar Canoas. Atuamos de forma contundente nas vistorias das residências afetadas", contou.
As vistorias encontraram um público receptivo, moradores ansiosos para saber se poderiam ou não voltar para casa. Por outro lado, o ambiente era desafiador, acesso complicado, odor de lama podre, muito lixo e entulho nas ruas, dificultando a locomoção. A viatura da Defesa Civil foi muito útil, já que o veículo era preparado para atuar em áreas inundadas.
Com quase 20 anos de carreira na Defesa Civil e tendo atuado em outras missões, Daniel relatou que a experiência de auxiliar os cidadãos de Canoas foi intensa e recompensadora. "Me engrandeceu profissionalmente, como ser humano, como pai de família, como cristão. Me edificou", disse.
Participante da última equipe, Juan Richard Flor Marques completou dois meses como agente da Defesa Civil de Campinas durante a missão. Ele entrou no último concurso e já teve a oportunidade de ter essa experiência e integração com outras Defesas Civis do País. "Já comecei com outra visão de como é o sistema", disse.
Ele relatou que o objetivo das vistorias era verificar se os imóveis estavam em condições de estabilidade e segurança para que os moradores retornassem. Muitos imóveis, principalmente os de madeira, não podem mais ser habitados. "Com a inundação, os imóveis de madeira sobem, como se fossem um barco. Quando a água baixa, eles descem 'no local errado'. Empenam", contou. Danos à fiação elétrica, que ficou molhada com as chuvas, também são um desafio.
Piloto de avião de formação, Juan também auxiliou com o drone. "A topografia feita por meio do equipamento vai ajudar muito Canoas a ter parâmetros para lidar com próximos eventos como, ajustar o dique e saber quanto tempo vai demorar para conseguir limpar a cidade", contou.
Defesa Civil
O Departamento de Defesa Civil de Campinas, vinculado à Secretaria Municipal de Governo, é o órgão central do Sistema Municipal de Proteção e Defesa Civil, responsável por promover a normatização, supervisão técnica e específica sobre as ações desenvolvidas pelos órgãos do SIMPDEC. Entre em contato pelo telefone 199 para registrar ocorrências.