Mobilizar o público juvenil para discutir a ocupação dos espaços públicos e fomentar a construção cidadã das políticas de mobilidade urbana. Este foi o pano de fundo do “Papo Reto”, encontro virtual realizado nesta sexta-feira (01/10), com o tema “Direito ao Território e à Mobilidade Urbana”, um dos eixos do Estatuto da Juventude. O evento é fruto de ação intersetorial que envolve o Conselho Municipal da Juventude (CMJ) de Campinas, a Secretaria Municipal de Transportes (Setransp) e a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec); e encerrou a 21ª Semana Municipal do Trânsito (Semutran).
A abertura foi realizada pelo representante do CMJ, Felipe Gonçalves da Silva, e pela responsável pela área de Educação para Mobilidade da Emdec, Roberta Mantovani. O conteúdo sobre direito ao território e mobilidade foi apresentado pela pedagoga e líder do Processo de Educação e Cidadania da Emdec, Mariângela Pereira, que também integra o CMJ; e pela analista de educação da Emdec e mestra em História (USP), Flávia de Matos Rodrigues.
“Agradeço ao CMJ pela oportunidade de integrar esse tema tão importante à Semutran. Que possamos, a partir dessa discussão, construir coletivamente outros espaços de debate com o público jovem”, projetou Roberta Mantovani. Felipe Gonçalves explicou que “as discussões fomentadas pelo Papo Reto ajudam a formular políticas públicas e a pensar ferramentas para mudar a realidade da cidade”.
Em diversos momentos, o público participante foi convidado a interagir com o tema, realizando testes que abordaram a sua percepção sobre o conceito de mobilidade urbana, as vítimas de violência no trânsito e o deslocamento dos jovens.
Durante o encontro virtual, foram citados dados alarmantes de acidentalidade em Campinas, envolvendo jovens. Em 2020, a faixa etária de 18 a 29 anos representou 29,5% das vítimas de violência no trânsito em Campinas. Um panorama parcial dos acidentes registrados em 2021 também foi apresentado. Entre os meses de janeiro e agosto, 58% das 95 vítimas de acidentes fatais registrados nas vias urbanas e rodovias tinham idade entre 18 e 39 anos. Do total de vítimas, 46 eram motociclistas, sendo que 80,4% eram jovens com idade entre 18 e 39 anos.
Nesse contexto, a pedagoga Mariângela Pereira, destacou a alcoolemia entre os jovens como um dos fatores de risco. “Metade das pessoas que morrem no trânsito em Campinas e passam pela análise de alcoolemia, tinham álcool no sangue. Vale lembrar: não existe limite seguro para o uso do álcool”, reforçou.
A importância de fazer escolhas seguras nas relações que envolvem a mobilidade também foi abordada no “Papo Reto”. “Se o espaço é coletivo, as nossas escolhas individuais não podem ser mais importantes do que o coletivo. A sua pressa, por exemplo, não pode ser mais importante do que o direito à segurança de todos os outros atores do trânsito”, destacou Mariângela.
As educadoras apresentaram ainda dicas de segurança, elencando comportamentos que devem ser adotados por pedestres, ciclistas, motociclistas e motoristas. Os conteúdos estão disponíveis no site da Emdec, na seção “Educação”.
Ao final do encontro, as propostas para garantir o direito ao território e à mobilidade, presentes no Plano Municipal de Mobilidade Urbana (PMUC) foram debatidas, incluindo o incentivo ao uso do transporte coletivo, a mobilidade não motorizada (caminhar e pedalar) e a participação da sociedade na formatação das políticas públicas.
Citando o conceito de segurança viária "Visão Zero", que prevê que nenhuma morte prematura no trânsito é aceitável, Mariângela destacou que “para alcançarmos um sistema de trânsito seguro, é preciso que o Poder Público, a sociedade civil e a iniciativa privada assumam a sua parcela de responsabilidade, de forma proativa, ou seja, identificando as situações de risco antes que os acidentes ocorram”.
Diversidade e direito ao território
A partir de um resgate histórico do conceito de direito à cidade, Flávia Rodrigues relembrou os movimentos juvenis que ocuparam os espaços urbanos nas últimas décadas, reivindicando, entre outros pontos, o direito à mobilidade. A analista de educação abordou ainda a importância de construir políticas de mobilidade que considerem a diversidade da população em relação à sua cor, gênero, faixa etária, moradia e tipos de deslocamentos.
“Para que todos possam ocupar os espaços públicos de forma igualitária e segura, é preciso que a mobilidade seja inclusiva, não oprima, não segregue e que integre o jovem à sociedade”, destacou Flávia. “Embora a possibilidade de circulação seja cada vez maior para os jovens, o seu deslocamento ainda é marcado por segregações socioespaciais e discriminação. O que estamos construindo hoje que impactará as gerações futuras?”, finalizou.
Realizada entre os dias 21 de setembro e 1° de outubro, a 21ª Semutran contou com dezenas de atividades presenciais e virtuais, que buscaram contribuir para a construção de uma cidade mais saudável, segura, inovadora e inclusiva.
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