Notícias

ver todas
Empatia é a palavra-chave do Seminário Gentilezas Urbanas

Empatia - “Tendência para sentir o que sentiria caso estivesse na situação e circunstâncias experimentadas por outra pessoa” – foi a palavra-chave das três palestras ministradas no Seminário Gentilezas Urbanas, quinta-feira, 26/09, das 14h às 17h, na Metrocamp (Rua Dr. Salles Oliveira, Vila Industrial).

O evento integra a Semana Municipal de Trânsito (Semutran 2013), organizada pela Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec).

Os debates atraíram dezenas de pessoas à Metrocamp. Compareceram educadores, lideranças e profissionais da Mobilidade Urbana de Campinas, Cajamar, Guarulhos, Itatiba, Mogi Guaçu e Sumaré. Também esteve presente o vereador Gustavo Petta (PcdoB), presidente da Comissão de Educação, Cultura e Esporte da Câmara Municipal de Campinas.

O diretor de Desenvolvimento Institucional da Emdec, Humberto de Alencar, assegurou que a empresa continuará realizando “ações educativas permanentes, fomentando práticas mais cidadãs e civilizatórias no trânsito, em prol da saúde mental dos condutores”.

Confira resumos das palestras:

“O Desenvolvimento Moral e Gentilezas Urbanas”

Lívia Maria Silva Licciardi, graduada em Direito, Pedagogia, mestre em Psicologia Educacional (Unicamp) e especialista em Relações Interpessoais na Escola (Universidade de Franca), apresentou “O Desenvolvimento Moral e Gentilezas Urbanas”.

A palestrante começou refletindo sobre as origens do desenvolvimento moral e a influência de fatores culturais, genéticos e da própria religiosidade neste processo. Citou Jean Piaget, epistemólogo suiço (ramo da filosofia que trata da natureza, das origens e validade do conhecimento), e identificou uma “inteligência egocêntrica” nas crianças antes de chegar à heteronomia, palavra usada para expressar quem respeita as regras em função das punições, mas sem aceitá-las (legitimá-las) internamente.

“Ter uma sociedade que só funciona na base da punição é um problema muito sério”, ponderou. “O comportamento moral deve ser considerado de acordo com a motivação, que são os elementos afetivos, as intenções”. Ou seja, o sujeito ético seria “aquele para quem os valores morais trazem sentido à vida”.

Lívia lembrou que o Brasil está apenas na 80ª posição no ranking dos menos corruptos, dado que comprova a necessidade de desenvolver condutas cientes das consequências coletivas dos atos individuais: “Os honestos têm um regulador interno, sentem que a própria satisfação por agir certo já é uma recompensa”.

“Comunicação Não Violenta no Compartilhamento do Espaço Urbano”

Na palestra seguinte, a doutora Naoko Silveira, médica sanitarista e coordenadora do Núcleo de Prevenção de Violência e Acidentes, Promoção à Saúde e Cultura de Paz da Secretaria Municipal de Saúde, abordou a “Comunicação Não Violenta (CNV) no Compartilhamento do Espaço Urbano”.

Naoko convidou Merian Lopes, enfermeira coordenadora do Centro de Saúde Vila Padre Anchieta, e Paulo Cardoso, dentista do Centro de Saúde Boa Vista, responsáveis pela divulgação da Comunicação Não Violenta no distrito norte, para uma ilustrativa dinâmica sobre a ferramenta.

“A CNV fala ao coração”, apontou Naoko. “Atualmente é difundida em vários setores por 47 profissionais de áreas como assistência social, educação, saúde e transportes, devidamente capacitados para tal”.

A CNV baseia-se nas pesquisas do psicólogo americano Marshall Rosemberg, na psicologia humanista de Carl Rogers e no fundador do princípio da não agressão (Satyagraha), líder indiano Mahatma Gandhi.

“Quando estiver em conflito, mude o foco. Tire-o da culpa e foque no sentimento, na necessidade não atendida”, sugeriu Paulo Cardoso. Segundo ele, há diferentes maneiras de receber uma mensagem negativa: culpando a si mesmo, ao outro, percebendo os próprios sentimentos/necessidades ou percebendo também os sentimentos/necessidades do outro.

Saem de cena verbos como rotular, exigir, reagir, moralizar (dos preconceitos); evidenciam-se o ver, ouvir, lembrar e sentir. “Ao invés de julgamento, observação”, propôs Paulo. “Qual é a ‘boa razão’ (necessidade) de o outro agir assim (sentimento)? Tire o foco da culpa do outro e ofereça empatia, que basicamente é escutar, estar presente, com clareza e certa vulnerabilidade”, aconselhou.

“Responsabilidade Civil e Cidadania no Trânsito – Uma Questão de Respeito e Educação”

Por fim, em uma contundente e emocionante palestra,  o engenheiro Fernando Alberto da Costa Diniz, 66, pai de Fabrício Diniz, 20, vítima do trânsito na Avenida das Américas (Rio de Janeiro) em 2003, proferiu “Responsabilidade Civil e Cidadania no Trânsito – Uma Questão de Respeito e Educação”.

Fernando Diniz preside a Associação de Parentes, Amigos e Vítimas de Trânsito (Trânsito Amigo). Sua luta é pela vida no trânsito, que ressalta estar “em nossas mãos”. Ele pede maior fiscalização – “com proteção do bem maior, a vida” –, legislação mais rígidas e o fiel cumprimento da Lei Seca, coibindo “ações irresponsáveis, egoístas e criminosas de quem bebe e causa acidentes de trânsito”.

O palestrante destacou que as guerras matam menos que o trânsito no mundo – “A cada cinco anos temos um novo Holocausto nas ruas e avenidas” – e que o Brasil gasta mais de 40 bilhões anuais com tragédias nas vias. Mostrou imagens das ações da Trânsito Amigo, vídeos de campanhas pela paz na circulação e prestou homenagem ao filho, que cursava o segundo semestre de Engenharia Eletrônica na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). “Assim como ele, muitos faleceram de forma fútil e evitável. Os governos precisam despertar para isto. Estou cansado, me sinto nadando contra a correnteza, mas basta que um dos presentes saia desta palestra ciente das próprias responsabilidades para que minha viagem valha totalmente a pena”, desabafou.

“Como vítimas de trânsito, podemos e devemos cobrar respostas daqueles que detêm o poder. Reservamo-nos o direito de cobrar das autoridades constituídas soluções definitivas, respeito e justiça. O que temos visto são estatísticas de acidentes e tragédias de trânsito aumentando todos os anos, frequentemente por culpa de irresponsáveis que desafiam a lei e os direitos fundamentais de cada um de nós”, alertou.

Conheça a luta da Trânsito Amigo pelo endereço eletrônico http://transitoamigo.com.br/website/

Semutran 2013

Confira os próximos eventos da Semana Municipal de Trânsito:

De 28/09 a 05/10 – Inspeção Veicular no Portão 5 da Lagoa do Taquaral, na parte externa. Vistoria gratuita em veículos particulares, com carreta e equipamentos para realização do check-up dos automóveis. O proprietário do veículo recebe um laudo com orientações para providenciar os reparos necessários. Também é realizada a medição de poluentes.

06/10 (domingo) – Passeio Ciclístico na região do Campo Grande. Concentração às 8h e saída às 9h na Praça João Amazonas, próxima ao Terminal Itajaí.

Autor: Edgard de Oliveira Jr. Última alteração em 27 de Setembro de 2013 às 11:27