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Alternativas e políticas para o transporte de cargas foram discutidas na Unicamp

Imagine tudo que você consome: roupas, materiais escolares, itens de limpeza, alimentação e milhares de outros bens e produtos. Para que todas essas mercadorias cheguem a sua casa, elas se movimentam. Essa fluidez de coisas e mercadorias aumenta a fluidez do trânsito, mas traz também conflitos e contradições. Por um lado, para o consumidor final que quer ter acesso a tudo isso, mas vê a sua qualidade de vida ameaçada pelas lentidões, poluição e transtornos da movimentação do transporte de cargas no local onde vive ou trabalha. Por outro, os operadores logísticos que, cada vez mais, encontram dificuldades para fazer chegar os seus produtos em razão de restrições de circulação e vê seus custos ampliarem e a competitividade em risco.

E no meio desse debate, o Poder Público que precisa buscar soluções mediadas entre as duas partes, regulamentando a circulação e minimizando os impactos das cargas, principalmente nas áreas centrais nos médios e grandes centros urbanos.

Em resumo, essas foram as principais questões debatidas durante o Ciclo de Conversas sobre a Mobilidade Urbana, nesta quinta, dia 12 de agosto, na Faculdade de Engenharia Civil e Arquitetura da Unicamp, durante a palestra “A Carga na Cidade e Seus Efeitos sobre a Mobilidade Urbana”, do professor Orlando Fontes Lima Júnior, engenheiro Naval, mestre e doutor em Engenharia de Transportes pela Escola Politécnica da USP, com pós-doutorado na Bournemouth University em Engenharia de Transportes e Livre Docente pela UNICAMP. Lima Junior tem 25 anos de experiência em transportes, logística e serviços.

Segundo o professor, hoje, 50% de toda a carga movimentada no país passa pelo Estado de São Paulo, pelo eixo que compreende Santos, Sorocaba, São José dos Campos e Campinas.

“Mais do que nunca existe a necessidade de se pensar na Mobilidade Urbana e não mais só no transporte, sobre os mais diferentes aspectos: aspectos de infraestrutura, tecnologia e políticas públicas”, defende o professor.

Ele complementa que a gestão da Mobilidade Urbana compreende o Planejamento Urbano, o Planejamento do Transporte e da Circulação.

Segundo Lima Júnior, a questão da carga é, ainda, tratada pelo Poder Público como um tema secundário. “Por isso é preciso refletir o quanto a legislação e o Poder Público estão aparelhados para abordar a questão”.

Lima Júnior apresentou experiências adotadas em outros países em relação às cargas, mostrando exemplos de plataformas logísticas, em Nápoles (na Itália) e na Espanha, com alternativas para problemas de congestionamentos. As plataformas logísticas são zonas relativas ao transportes de cargas, à logística e a distribuição de mercadorias, com operadores instalados, armazéns, estacionamentos, escritórios, presença da iniciativa privada e pública.

Ele, inclusive, contou que existe hoje um projeto de plataforma logística sendo elaborado em Campinas para a região de Viracopos.

Outra questão abordada durante a palestra foram as formas de gestão das cargas nas últimas décadas, com destaque à implantação dos Terminais Intermodais de Carga (TIC’s), na década de 80; as restrições de horários e áreas de cargas, comuns na década de 90; e, agora, alternativas como a criação de rodoaneis, nos anos 2000.

Para Orlando Júnior, outras saídas como a construção de macrocorredores para cargas e ampliações viárias são soluções complexas e de alto custo.

Já em relação às restrições de horários e áreas, é preciso ressaltar que elas também podem organizar todo o processo; argumentou.  “Independentemente das alternativas, o especialista afirma que o caminho para as propostas e políticas de cargas passa pelo diálogo entre os atores (sociedade e operadores logísticos), com a mediação do Poder Público.

Próximos encontros
Até novembro, o Ciclo de Conversas sobre a Mobilidade Urbana promoverá mais três encontros. Confira os temas:

Dia 23/09/2010 - A violência no compartilhamento do espaço
- Qualidade de vida.
- Dinâmica social e estresse.
- Conseqüências para o trânsito.
- Formas de controle do estresse.

Dia 07/10/2010 - Sustentabilidade e Transporte
- Conceito de sustentabilidade na cidade.
- Práticas sustentáveis nos deslocamentos de pessoas e bens.
- Transporte público no planejamento da cidade.
- Transporte Intermodal.
- Experiências no Brasil e no mundo.
- Escolhas individuais e coletivas para promoção da sustentabilidade.

Dia 11/11/2010 - Transversalidade e Políticas Públicas de Mobilidade Urbana
- Temáticas do desenvolvimento e do território e a articulação entre elas.
- Especificidades das cidades brasileiras: natureza e dinâmica do processo de desenvolvimento e suas escalas espaciais (local, plurirregional, nacional, global etc.).
- Desafios para a implementação de políticas públicas e estratégias de desenvolvimento de base territorial em múltiplas escalas.

Ciclo de Conversas
Promovido pela EMDEC, o ciclo é um fórum de debates mensais, que visa reunir vários segmentos sociais e representantes do meio acadêmico para aprofundar a análise de temas relacionados à Mobilidade Urbana; além de estimular parcerias para a redução da acidentalidade e melhoria da qualidade de vida no município.

Nesse ano, a principal novidade do Ciclo é abertura do debate também para representantes de outras cidades, atendendo à demanda registrada nos últimos eventos realizados pela EMDEC.

Autor: Denise Pereira e Márcio Souza Última alteração em 13 de Agosto de 2010 às 15:09