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Bittencourt fala sobre tarifa e ações de sua pasta na Câmara

Em sua primeira visita oficial à Câmara Municipal, na quarta-feira, o secretário de Transportes, Gerson Luis Bittencourt, falou por quase três horas com membros da Comissão de Administração Pública daquela Casa e demais vereadores que acompanharam os esclarecimentos sobre o reajuste da tarifa do sistema de transportes. Bittencourt mostrou disposição e tranquilidade para responder uma bateria de questões feitas pelos vereadores sobre o aumento e o sistema de transportes na cidade. Pelo menos quinze dos 33 vereadores acompanharam a visita. Confira as principais questões abordadas: O motivo do reajuste Bittencourt esclareceu que historicamente nos contratos entre Prefeitura e empresas de ônibus, desde o início da década de 80, os reajustes acontecem anualmente em dezembro. Ele criticou os contratos atuais, que antecedem a Lei de Licitações (8.666), portanto, são defasados. Destacou que o instrumento balisador para regulamentar a relação entre a Prefeitura e as empresas permissionárias, e mesmo novos reajustes, será a licitação pública para o sistema de transportes, que deve ter início em abril e ser finalizada ainda este ano. Outro ponto em destaque para evitar que as tarifas aumentem sem qualquer controle será a reestruturação da rede e dos serviços. O índice aplicado O secretário de Transportes explicou que vários itens contribuíram para o aumento da tarifa, mas destacou pelo menos o impacto de quatro deles no valor das passagens. O dieesel, que teve impacto de 24,31%, os pneus com 3,60%, a renovação da frota com 14,49% e o reajuste salarial da mão-de-obra do setor, com impacto de 48,96% na planilha tarifária. Fazendo as contas Para chegar ao índice de reajuste de 14%, a EMDEC mapeou um aumento nos custos operacionais na ordem de 10,49% no sistema no período, que somado à redução do número de passageiros (com impacto de mais 3,66%) resultou na taxa aplicada. A redução dos passageiros foi principalmente percebida no primeiro semestre, mas houve sinalização de recuperação no segundo semestre, argumentou Bittencourt. Um outro ponto destacado pelo secretário foi a taxa de ocupação do sistema. Em Campinas, os ônibus circulam com um quarto de sua capacidade de atendimento, e isso é determinante no custo do sistema. A sobreposição de linhas não só entre ônibus e seletivos, mas também entre ônibus e ônibus, pelo excesso de linhas no Centro Expandido, por exemplo, influenciam na ociosidade da frota. Planilha da EMDEC X Planilha da Transurc Quanto aos questionamentos sobre a planilha tarifária, Bittencourt afirmou que a EMDEC constrói planilha própria e também analisa a planilha da Transurc. Os dados são confrontados e, na maioria das vezes, existem diferenças nos resultados; mas a EMDEC adota os números levantados pela sua equipe técnica. "Para se ter uma idéia, a diferença de valores da planilha das duas entidades chegou durante o reajuste a ficar em torno de 15%. Já que os empresários pediam quase 30% e os nossos números apontaram 14%", afirmou. Ele lembrou que os números são públicos e destacou o papel do Conselho Municipal de Trânsito e Transportes no acompanhamento não só desses números mas também nas decisões do setor. Controle dos pagantes e sobre a quilometragem rodada Bittencourt esclareceu que desde 1995, quando a Câmara de Compensação foi entregue à Transurc, os dados estão nas mãos das empresas. A Transurc recebe a movimentação on line, mas a EMDEC precisa ter um controle maior até mesmo para definições operacionais e mudanças no sistema. "Hoje, nos temos dois sistema de validadores em funcionamento: o cartão fui e o cartão magnético. Com a desativação do cartão magnético, acredito que reduziremos significativamente a evasão". Quanto à quilometragem realizada nas viagens, ele esclareceu que o itinerário de todas as linhas é definido pela EMDEC, que conhece a origem e o ponto final dos percursos, e que todos os dados encontram-se no site e são de domínio público. Utilização do transporte público O secretário afirmou que as taxas de utilização do transporte coletivo em Campinas não podem ser comparadas às de Curitiba e de Belo Horizonte, cidades que historicamente apresentam décadas de organização do sistema. "Em Campinas, considero que foram dados passos importantes, mas nem todos os necessários". Vale lembrar ainda a alta taxa de motorização que aponta dois habitantes por veículo na cidade e a forte presença do serviço de fretamento. São 1400 veículos de fretamento, enquanto a frota dos ônibus urbanos está na casa dos 800 veículos. Bilhete único Bittencourt lembrou que apesar dos estudos serem preliminares, os dados levantados não indicam a necessidade de subsídio ao sistema de transporte em razão da implantação do bilhete único no município. Ele destacou que em São Paulo, pesquisas apontaram que o bilhete único gerou uma economia de R$ 74 milhões para o conjunto dos usuários, que reverteram em consumo alimentar. Mutirões nos terminais e novos investimentos Bittencourt falou sobre os mutirões que estão mudando a cara dos terminais e levando mais conforto para os usuários do transporte. "Esses equipamentos estavam abandonados há anos", destacou. Ele lembrou, porém, que as melhorias são importantes, mas ainda tímidas; e que os investimentos não podem parar. "Vamos buscar recursos para investimentos voltados para a iluminação, acessibilidade e segurança nos terminais junto ao BNDES". Denise Pereira
Última alteração em 10 de Março de 2005 às 12:12